Folha de São Paulo: 23 de Fevereiro de 2000
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Crise é de 'falta de vergonha', diz Garotinho
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ELEIÇÕES 2000 Governador do Rio inaugura casas populares em municípios pobres no norte e noroeste do Estado |
O governador do Rio, Anthony Garotinho, que inaugurou casas |
RONALDO SOARES enviado especial a Italva O governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho, disse ontem que no Brasil não existe crise econômica, e sim "crise de falta de vergonha". Garotinho é candidato à sucessão do presidente Fernando Henrique Cardoso e aproveitou a inauguração de 200 casas populares em quatro municípios pobres do norte e noroeste fluminenses para subir no palanque. Em Italva (390 km do Rio), discursando para cerca de 500 pessoas, o governador do Rio afirmou que "para governar, basta não roubar". Garotinho disse que, ao assumir o governo, encontrou um Estado que foi "saqueado ao longo dos anos", mas hoje tem R$ 300 milhões em caixa e até empresta dinheiro a prefeituras. "O grande problema do Brasil é que, infelizmente, a maioria que comanda o país é formada por uma corriola, que bota um para dentro e dois para fora", afirmou o governador, sem identificar essa maioria. Candidatura Garotinho cumpriu ontem mais uma agenda de compromissos no interior do Rio voltados tanto para seu fortalecimento político no Estado como já pensando na candidatura à Presidência da República. |
Ele inaugurou cerca de 50 casas populares em cada um dos quatro municípios que visitou —Italva (13 mil habitantes), Quissamã (13 mil), Itaperuna (82 mil) e Canta-galo(20mil). Uma das estratégias do governador é "emprestar" seu prestígio político a correligionários do Estado durante a sucessão municipal para tentar eleger cerca de 50 prefeitos nos 91 municípios do Rio —esse número pode ficar entre 60 e 70, de acordo com estimativas mais otimistas de aliados de Garotinho. O PDT, partido do governador, tem hoje apenas sete prefeituras no Estado. Articuladores O governador conta com articuladores políticos —todos membros de sua equipe de governo— em cinco regiões do Estado: sul, norte, serrana, dos Lagos e Baixada Fluminense. Eles têm a função de monitorar o desempenho político dos candidatos do PDT em cada região, trabalho feito com o auxílio de pesquisas de opinião pública que vêm sendo realizadas desde o início do segundo semestre do ano passado. De acordo com seus aliados, a única região em que Garotinho está conduzindo pessoalmente o trabalho de articulação política é a Baixada Fluminense, maior colégio eleitoral depois do município do Rio e onde a disputa pelas prefeituras tende a ser mais acirrada. |