Diário Popular, 03 de Março de 2000
Fiel Transcrição:
[DENÚNCIAS CONTRA ZUZINHA]
Filho de Covas se defende em carta
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ANTÔNIO CARLOS SILVEIRA A intenção de Covas Neto é defender-se publicamente das denúncias que existem contra ele e ajudar o pai, em quem respingam as acusações. Mas a iniciativa de Zuzinha foi considerada "ato de burrice" pelos políticos citados na carta. "O assunto já estava praticamente enterrado: o pai vai dar umas bordoadas nele", disse o deputado estadual Afanásio Jazadji (PFL), um dos citados na carta como detrator de Zuzinha. "Isso não é uma circular íntima, mas uma confissão pública", disse o ex-deputado Sebastião Nery, também mencionado. "Como ele mandou a carta para delegados de São Paulo, tem de resolver primeiro na Policia." O senador e ex-ministro da Justiça Renan Calheiros, outro citado na carta-desabafo do filho do governador, foi irônico. Tudo que denunciei é absolutamente verdadeiro e espero ansiosamente para mostrar os documentos na Justiça", afirmou. Covas Neto começa a carta com um ''Prezado Companheiro", para depois reclamar da imprensa, em especial do DIÁRIO POPULAR, dizendo que as denúncias são infundadas e que se manteve em silêncio à espera da verdade. "O dano já causado, entretanto, é grande. Minha reputação está em causa e temo que o assunto seja objeto de exploração indevida nas próximas eleições municipais. Dessa forma, resolvi me dirigir aos amigos -e a você, companheiro", escreveu em seu manifesto. "Tudo começou com uma denúncia do deputado Afanásio Jazadji", desabafou. O deputado, em 1996, denunciou Zuzinha como um dos responsáveis pelo esquema de corrupção instalado na Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU). A companhia era presidida por Goro Hama, amigo de Covas Neto, que é acusado de desvio de dinheiro na CDHU, deixou o cargo e tem convite para ser assessor especial do governador Covas. O filho do governador diz ainda na carta que tudo foi investigado e que nada foi comprovado. "Mentira dele, pura bobagem", atacou Afanásio. "Não houve CPI, a Assembléia não apurou nada e ele foi inocentado pela Corregedoria da Administração, cujo gabinete fica na ante-sala do governador: é um zero à esquerda que vive à sombra do pai." Para Zuzinha, tudo não passa de intriga contra o pai. "Uma vez que o governador não pode ser atacado, busca-se alguém próximo a ele, como o seu filho, para atingi-lo", diz o texto da carta. Renan Calheiros foi além. Em carta |
publicada na Imprensa. disse, referindo-se a Zuzinha, que "há algo de podre" em São Paulo. O senador afirmou que o filho do governador fez lobby no ministério para favorecer Antônio Dias Felipe, dono da construtora Tejofran e padrinho de casamento de Zuzinha. A empresa havia ganho licitação para emissão de passaportes e reivindicava indexação em dólar para reajustar os preços apresentados no processo licitatório. A Tejofran patrocina Zuzinha em corridas de stock-car e está entre as principais financiadoras das campanhas eleitorais de Mário Covas. O filho do governador termina como começou. "Companheiro, desculpe-me pelo desabafo, mas eu precisava fazê-lo. Caso você necessite maiores esclarecimento, queira por favor entrar em contato comigo", conclui. "Não tenho interesse em falar" ZUZINHA: desabafo na carta Procurado para comentar a carta, Zuzinha entrou em contato com o DIÁRIO POPULAR, dizendo que não tem interesse em falar sobre o assunto. "Não mandei nenhuma carta para este jornal e jamais mandaria, pois este é um jornal porco. Você que entre em contato com o destinatário e pergunte para ele o que quiser saber", falou o filho do governador, em tom ríspido. O advogado também afirmou que quer distância dos jornalistas. "Não tenho interesse em falar com nenhum de vocês e, se continuar falando contigo, vou tratá-lo da mesma forma que trato o DIÁRIO POPULAR." Porém quem liga para o telefone 870-2128 ou para o escritório da avenida Brigadeiro Faria Uma, 1.572, Jardim Paulista, é tratado com educação. Zuzinha atende prontamente quem oferecem solidariedade. Ele disse para umas das pessoas que entraram em contato a pedido do DIÁRIO que enviou centenas de cartas. "Mandei para pessoas que têm algum envolvimento político com meu pai ou com a campanha dele", contou. OPINIÃO DO DIÁRIO Como sempre acontece em denúncias do género, os acusados tentam desviar a atenção da opinião pública atacando em vez de se defender. O DIÁRIO POPULAR nunca teve e jamais terá predileção ou antipatia por quem quer que seja. Sua razão de existir é a luta, com a mais indesviável isenção, pelos interesses da comunidade. Assim, o filho do governador perde tempo ao culpar o jornal pela mancha que ora tenta apagar da sua imagem. |