Folha de São Paulo, 29 de Abril de 1999
Fiel Transcrição:
SISTEMA FINANCEIRO Empresa que fez a doação foi a Sacre, uma das 21 das quais o dono do Marka aparece como sócio
Cacciola doou R$ 50 mil para FHC em 98
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FERNANDO RODRIGUES da Sucursal de Brasília O dono do Banco Marka, Salvatore Alberto Cacciola, doou R$ 50 mil para a campanha eleitoral do presidente Fernando Henrique Cardoso no ano passado. A doação está na listagem oficial da prestação de contas de FHC, disponível no Tribunal Superior Eleitoral. A doação de Cacciola foi feita por intermédio de uma de suas empresas, a Sacre Empreendimentos e Participações Ltda. A operação aparece na listagem da prestação de contas de FHC com a data 19 de agosto de 1998. A Sacre está registrada em nome de Cacciola e de Regina Maria Moisés Cacciola, ex-mulher do banqueiro. A Folha verificou que a última alteração do contrato social dessa empresa é de 22 de julho do ano passado, e os dois aparecem como proprietários. Cacciola e seus sócios no Banco Marka aparecem como donos ou co-proprietários em, pelo menos, 21 empresas. A Sacre é uma empresa que faz quase de tudo, conforme seu contrato social. Compra, vende, importa, exporta, faz locação de espaços, entre outras atividades. A Sacre é proprietária da Holon Participações, outra das empresas de Cacciola. A Holon é uma das principais acionistas do Marka. Cacciola, segundo apurou a CPI dos Bancos, tem como estratégia diluir seus negócios entre várias empresas associadas entre si. |
Não está claro o objetivo desse artifício, mas os senadores que investigam o caso consideram que essa grande divisão dificulta a fiscalização das ações empresariais do banqueiro. Com base na lista de 21 empresas ligadas a Cacciola, o deputado federal Agnelo Queiroz (PC do BDF) fez um amplo levantamento da situação de todos os negócios do banqueiro junto a órgãos federais como o TSE, a Receita Federal e o Sisbacen (sistema informatizado de dados do Banco Central). Além de descobrir que a empresa Sacre era doadora da campanha de FHC, o deputado Agnelo também verificou que quatro empresas de Cacciola estão no Cadin, o cadastro de empresas em débito com o governo federal —e, supostamente, não poderiam vender serviços e mercadorias a órgãos oficiais. O levantamento de Agnelo, junto com o já realizado pelo deputado Aloizio Mercadante (PT-SP) sobre bancos que lucraram com a desvalorização do real, é uma forma de os deputados tentarem participar das investigações da CPI. "É importante o conhecimento a fundo dessas empresas do sr. Cacciola para entendermos as ligações que existem entre o governo e o meio financeiro", diz Agnelo.
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